4° capítulo

capítulo 1 capítulo 2 capítulo 3 capítulo 4 capítulo 5 capítulo 6 capítulo 7 capítulo 8 capítulo 9 capítulo 10 capítulo 11
capítulo 12 capítulo 13 capítulo 14 capítulo 15 capítulo 16 capítulo 17 capítulo 18 capítulo 19 capítulo 20 capítulo 21 capítulo 22









— Ah! estás ainda ai?... fizeste bem, — disse Leôncio mal avistou Isaura, que trêmula e confusa não ousara sair do cantinho, a que se abrigara, e onde fazia mil votos ao céu para que seu senhor não a visse, nem se lembrasse dela naquele momento. — Isaura, continuou ele, — pelo que vejo, andas bem adiantada em amores!... estavas a ouvir finezas daquele rapazola... — Tanto como ouço as suas, meu senhor, por não ter outro remédio. Uma escrava, que ousasse olhar com amor para seus senhores, merecia ser severamente castigada.
- Ah, ¿sigues ahí?... has hecho bien -dijo Leôncio, en cuanto divisó a Isaura, que, temblorosa y confusa, no se atrevía a abandonar el rinconcito donde se había refugiado, y donde hacía mil votos al cielo para que su amo no la viese, ni se acordase de ella en aquel momento. - Isaura -continuó-, veo que estás muy avanzada en tus asuntos amorosos... - Tanto como oigo los vuestros, mi señor, pues no tengo otro remedio. Una esclava que osaba mirar con amor a sus amos merecía ser severamente castigada.

— Mas tu disseste alguma coisa àquele estouvado, Isaura?... — Eu?! — respondeu a escrava perturbando-se; — eu, nada que possa ofender nem ao senhor nem a ele... — Pesa bem as tuas palavras, Isaura; olha, não procures enganar-me. — Nada lhe disseste a meu respeito? — Nada. — Juras? — Juro, — balbuciou Isaura. — Ah! Isaura, Isaura!... tem cuidado. Se até aqui tenho sofrido com paciência as tuas repulsas e desdéns, não estou disposto a suportar que em minha casa, e quase em minha presença, estejas a escutar galanteios de quem quer que seja, e muito menos revelar o que aqui se passa. Se não queres o meu amor, evita ao menos de incorrer no meu ódio.
- ¿Pero le dijiste algo a ese tonto, Isaura? - ¿A mí? - No dije nada que pudiera ofender ni a su amo ni a él.... - Sopesa bien tus palabras, Isaura; mira, no intentes engañarme. - ¿No le has dicho nada de mí? - Ni una palabra. - ¿Lo juras? - Lo juro -gritó Isaura-. - Oh, Isaura, Isaura, ten cuidado. Si hasta ahora he soportado con paciencia tus repulsas y desprecios, no estoy dispuesta a soportar que en mi casa, y casi en mi presencia, escuches galanterías de nadie, y mucho menos que reveles lo que aquí sucede. Si no quieres mi amor, al menos evita incurrir en mi odio.

— Perdão, senhor, que culpa tenho eu de andarem a perseguir-me? — Tens alguma razão; estou vendo que me verei forçado a desterrar-te desta casa, e a esconder-te em algum canto, onde não sejas tão vista e cobiçada... — Para quê, senhor... — Basta; não te posso ouvir agora, Isaura. Não convém que nos encontrem aqui conversando a sós. Em outra ocasião te escutarei. — preciso estorvar que aquele estonteado vã intrigar-me com Malvina — murmurava Leôncio retirando-se. Ah! cão! maldita a hora em que te trouxe à minha casa! — Permita Deus que tal ocasião nunca chegue! — exclamou tristemente dentro da alma a rapariga, vendo seu senhor retirar-se.
- Perdonadme, señor, pero ¿qué culpa tengo yo de que me persigan? - Tenéis razón; ya veo que me veré obligado a desterraros de esta casa, y esconderos en algún rincón donde no seáis tan vista y tan codiciada... - ¿Para qué, señor? - Ya basta; ahora no te oigo, Isaura. No debemos encontrarnos aquí hablando a solas. En otra ocasión te oiré. - Debo evitar que ese tonto me intrigue con Malvina -murmuró Leoncio, mientras se marchaba. ¡Ah, perro, maldita la hora en que te traje a mi casa! - ¡Dios quiera que nunca se presente una ocasión semejante! - exclamó la muchacha con tristeza en el alma, al ver partir a su amo.

Ela via com angústia e mortal desassossego as continuas e cada vez mais encarniçadas solicitações de Leôncio, e não atinava com um meio de opor-lhes um paradeiro. Resolvida a resistir até à morte, lembrava-se da sorte de sua infeliz mãe, cuja triste história bem conhecia, pois a tinha ouvido, segredada a medo e misteriosamente, da boca de alguns velhos escravos da casa, e o futuro se lhe antolhava carregado das mais negras e sinistras cores. Revelar tudo a Malvina era o único meio, que se lhe apresentava ao espírito, para pôr termo às ousadias do seu marido, e atalhar futuras desgraças. Mas Isaura amava muito sua jovem senhora para ousar dar semelhante passo, que iria derramar-lhe no seio um pego de desgostos e amarguras, quebrando-lhe para sempre a risonha e doce ilusão em que vivia.
Miraba con angustia y mortal inquietud las continuas y cada vez más encarnadas solicitaciones de Leôncio, y no se le ocurría cómo oponerse a su paradero. Resuelta a resistir hasta la muerte, recordó la suerte de su infeliz madre, cuya triste historia conocía bien, pues la había oído susurrar temerosa y misteriosamente de boca de algunos viejos esclavos de la casa, y el porvenir le pareció lleno de los más oscuros y siniestros colores. Revelar todo a Malvina era el único medio que se le presentaba para poner fin a las osadías de su marido y prevenir futuras desgracias. Pero Isaura amaba demasiado a su joven ama para atreverse a dar un paso semejante, que vertería en su seno mucha pena y amargura, rompiendo para siempre la dulce y alegre ilusión en que vivía.

Preferia antes morrer como sua mãe, vitima das mais cruéis sevícias, do que ir por suas mãos lançar uma nuvem sinistra no céu até ali tão sereno e bonançoso de sua querida senhora.
Prefería morir como su madre, víctima de los más crueles maltratos, a que sus manos arrojaran una nube siniestra sobre el hasta entonces apacible y tranquilo cielo de su querida señora.

O pai de Isaura, o único ente no mundo, que à exceção de Malvina se interessava por ela, pobre e simples jornaleiro, não se achava em estado de poder protegê-la contra as perseguições e violências de que se achava ameaçada. Em tão cruel situação Isaura não sabia senão chorar em segredo a sua desventura, e implorar ao céu, do qual somente podia esperar remédio a seus males.
El padre de Isaura, la única persona en el mundo que se preocupaba por ella a excepción de Malvina, un pobre y sencillo repartidor de periódicos, no estaba en condiciones de protegerla de la persecución y la violencia con que la amenazaban. En una situación tan cruel, Isaura sólo podía llorar en secreto su desgracia e implorar al cielo, del que sólo podía esperar un remedio para sus males.

Bem se compreende pois agora aquele acento tão dorido, tão repassado de angústia, com que cantava a sua canção favorita. Malvina enganava-se atribuindo sua tristeza a alguma paixão amorosa. Isaura conservava ainda o coração no mais puro estado de isenção. Com quanto mais dó não a teria lastimado sua boa e sensível senhora, se pudesse adivinhar a verdadeira causa dos pesares que o ralavam.
Es fácil comprender ahora aquel acento afligido, tan lleno de angustia, con que cantaba su canción favorita. Malvina se equivocaba al atribuir su tristeza a alguna pasión amorosa. El corazón de Isaura estaba aún en el más puro estado de exención. Cuánta más lástima no le habría tenido su buena y sensible señora, si hubiera podido adivinar la verdadera causa de las penas que le roían.



contacto declaración de privacidad pie de imprenta